CIRURGIA MINIMAMENTE INVASIVA E ROBÓTICA
Não faz muito tempo que a cirurgia apresentou um grande avanço. No passado, falava-se em grandes cirurgiões grandes incisões. A mudança ocorreu em eliminar grandes incisões e substitui-las por incisões menores e passou-se a falar em cirurgia minimamente invasiva.
As incisões menores permitem obter os mesmos resultados das incisões grandes feitas em cirurgias abertas e com as vantagens de evitar grandes cortes e consequentes problemas deles decorrentes.
Um dos avanços ocorreu com o surgimento das óticas, outros com a fibra ótica e os endoscópios que permitiram a criação da endoscopia. Outro grande avanço ocorreu com a incorporação dos monitores de televisão pelos médicos na realização das endoscopias.
No início, eram feitos apenas exames, a seguir biópsias, mas a evolução dos instrumentais permitiu que os médicos realizassem procedimentos cirúrgicos, sendo que as cirurgias eram inicialmente feitas por orifícios naturais como boca, anus, vagina e uretra (conhecidos como procedimentos endoscópicos) e passaram a ser feitos também por orifícios criados por punções dando início as artroscopias e laparoscopias.
Evoluindo nessa linha, os grandes cortes foram substituídos por punções em locais onde não existe orifício natural e a engenharia atenta a essa evolução, tem contribuído de maneira fantástica no desenvolvimento de instrumentos médicos, criando instrumentos articuláveis e a utilização de sistemas computadorizados para ajudar no manejo desses equipamentos.
Robótica
Na década de 1980 as cirurgias endoscópicas e laparoscópicas deram um grande salto com o advento das microcâmeras. Surgiram os primeiros robôs médicos, tanto para cirurgias endoscópicas como cirurgias laparoscópicas.
Os robôs cirúrgicos tiveram origem 1985, com o braço robótico PUMA 560, que auxiliou uma biópsia durante uma neurocirurgia. O primeiro uso de robô em cirurgias em humanos, uma ressecção transuretral da próstata, foi desenvolvido no Imperial College para tratamento da hiperplasia benigna da próstata.
A segunda geração desse robô, denominada PROBOT, foi considerada o primeiro robô verdadeiramente cirúrgico.
O que é um robô cirúrgico?
Um robô cirúrgico é definido como um manipulador controlado por computador, alimentado com sensores artificiais, que pode ser reprogramado para mover e posicionar ferramentas a fim de realizar um conjunto de tarefas cirúrgicas.
Podemos afirmar que a cirurgia laparoscópica assistida por robô é uma evolução dentro da cirurgia minimamente invasiva.
No Brasil, a SOBRACIL (Sociedade Brasileira de Cirurgia Laparoscópica), atualizando-se passou o seu nome para Cirurgia Minimamente Invasiva e Robótica.
A Evolução da Cirurgia Robótica
A urologia é uma das especialidades médicas que vem tirando grande proveito dessas evoluções. Hoje conta com robôs, tanto para cirurgia endoscópica como laparoscópica.
A minha geração de médicos tem acompanhado desde o início essa evolução. Nos anos 1990 conhecemos o AESOP 3000 (da Computer Motion, Goleta, Califórnia, EUA) que consiste em um braço mecânico para segurar a ótica que está conectado a um sistema computadorizado que permite que o médico faça o comando usando a voz. Este, o primeiro a ser aprovado pelo FDA nos Estados Unidos.
Em 1997 conhecemos o Zeus, uma evolução dessa linha que contava com 3 braços. Paralelamente se desenvolvia o robô DaVinci da Intuitive Surgical, projeto iniciado por volta de 1980 no antigo Instituto de Pesquisa Stanford, sob contrato com o Exército dos EUA.
A Intuitive Surgical incorporou a tecnologia do Zeus. O robô DaVinci, em 2000 tornou-se o primeiro sistema robótico cirúrgico aprovado pelo FDA para uso geral em cirurgia laparoscópica.
Vem evoluindo e sofreu vários aprimoramentos estando hoje na geração conhecida como Xi (4 braços).
A evolução é rápida e constante e hoje estão investindo em um novo modelo para trabalhar por portal único já em uso em alguns centros.
Por aproximadamente 20 anos a empresa Intuitive ficou praticamente sozinha no mercado, porém nos últimos anos fomos contemplados com novos modelos que prometem grandes avanços incluindo a adição da inteligência artificial.
Já chegando no mercado o robô Versius CMR Surgical, o robô Hugo RAS System da Medtronic, o robô Johnson & Johnson Ottava (6 braços) entre outros.
Podemos afirmar, sem margem de erro, que a medicina vem acompanhando a evolução tecnológica e que esta está em nosso meio. O Brasil já conta com mais de 80 unidades espalhadas pelo país. Porto Alegre conta com 3 unidades e com promessa de em curto espaço de tempo contar com mais 2. Outra constatação importante, os médicos do RS estão investindo em Certificação, já contando com vários médicos certificados em diferentes especialidades e em atividade o que é muito bom para a população.