PRODUÇÃO CIENTÍFICA: ARTIGOS

Ago/2009Laparoscopia no Brasil

Autores:
Mirandolino B Mariano, Marcos V. Tefilli

Em 1985 Wroklawski (1) e col. publicaram um trabalho mostrando a laparoscopia como método de valor prognóstico e terapêutico no testículo não palpável. Esta é a primeira publicação encontrada na literatura brasileira sendo, portanto, um marco na laparoscopia em nosso país. A partir de 1990 surgem trabalhos de Castilho, Juliano, Mitre, Dénes, Milfont, Rodrigues, Revizzini e Mariano, entre outros. Já em 1993, Juliano (2) procura sistematizar o ensino da cirurgia videolaparoscópica em urologia. Infelizmente a sua ideia não encontrou apoio nas universidades, com raras exceções. Isto fez com que surgissem cursos de treinamento em laparoscopia em diferentes pontos do país, uns ligados às universidades e outros fora delas. Já encontrávamos cursos de treinamento em laparoscopia urológica em 1995 propostos por Mariano. Estes cursos funcionam sem interrupção no Rio Grande do Sul, hoje sediados na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Passo Fundo. Além de participar do curso na Universidade do ABC, Juliano fez parte do primeiro curso da Universidade Federal de Goiás em 1998, a convite de Gilvan Fonseca . Hoje este é o maior curso de treinamento em laparoscopia urológica que se tem conhecimento no mundo, recebendo alunos de diferentes países. Outros cursos surgiram na capital e no interior de São Paulo, bem como Paraná, Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Ceará, Brasília, Espírito Santo e Santa Catarina.
Os cursos no Brasil, hoje, podem ser considerados como os mais avançados do mundo. Travassos e Martins fizeram o primeiro curso de treinamento em cadáveres na USP de Ribeirão Preto e foram seguidos por Gilvan Fonseca da UFG em Goiânia, oferecendo esta modalidade de treinamento a urologistas do mundo inteiro.
Publicações brasileiras (3-12) surgem e com destaque encontramos o primeiro livro de laparoscopia urológica em língua portuguesa de Castilho (3) no ano de 2000 com mais de 550 páginas. Em breve, “in Press”, a editora La Rocca estará lançando no mercado um livro de laparoscopia urológica com o título LAPAROSCOPIA UROLÓGICA TÉCNICA CIRÚRGICA E RESULTADOS, feito praticamente por autores brasileiros.
Nos Congressos da Sociedade Brasileira de Urologia surge a cada edição maior número de trabalhos sobre laparoscopia. No ano de 2003, em Foz do Iguaçu, foram apresentados 1307 trabalhos, sendo 13% deles dedicados à laparoscopia. Considerando ser uma área que usa a vídeocirurgia, podemos constatar que dos 178 vídeos apresentados, 63% deles eram sobre laparoscopia. No ano de 2005, em Brasília, foram apresentados 1462 trabalhos, sendo 18% dedicados à laparoscopia, 198 vídeos apresentados, 68% sobre laparoscopia. O vídeo que recebeu o prêmio no Congresso de 2003 e 2005 foi sobre laparoscopia.
A representatividade da videolaparoscopia do Brasil se fez presente no Congresso Americano de Urologia, em 2005, realizado em San Antonio, no Texas, ganhando o segundo lugar com o vídeo “Vesicovaginal fistula repair – our laparoscopic technique"; e uma mensão honrosa com o vídeo “ Vascular Complications in Laparoscopic Urologic Procedures”. Estes vídeos ficam a disposição dos interessados na videoteca da Associação Americana de Urologia ( AUA), marcando a presença brasileira.
Nas publicações Internacionais, e em especial no Int Braz J Urol, também encontramos um crescente número de trabalhos sobre laparoscopia e agora de autores mais jovens como Machado, Fugita, Andreoni, Ravizzini, Carvalhal, Zanetini, Farias, Araken, Cavalcante, Lima, Macedo, Lopes de Lima, Meyer, Scafuri, Duarte, Fraga, Araújo, Medeiros, Quintela, Argollo, Tefilli, Grazziotin, Abreu, Branco, Tanaka, Mendes, Messias, Siqueira, Sette, Rubinstein, Colombo, Caldas, Morihisa, Hayacibara, Baptistussi, Rossol, Stein, entre outros. .
Podemos afirmar que a laparoscopia ocupa um lugar importante dentro da urologia brasileira.
Estamos ainda com dificuldades no que diz respeito a remuneração. Sendo a curva de aprendizado longa, as prestadoras de serviços médicos exigem título de qualificação em laparoscopia. Algumas especialidades médicas criaram as áreas de atuação e certificam seus associados. A Urologia não considera a laparoscopia como área de atuação. Isto está fazendo com que os urologistas busquem essa titulação através da Sociedade Brasileira de Videocirurgia ou do Colégio Brasileiro de Cirurgiões.
Referente a laparoscopia em urologia como procedimento técnico, todas as cirurgias já foram realizadas com sucesso, desde orquidopexias até cistoprostatectomias com derivação urinária completamente realizadas por via intracorpórea. Embora a laparoscopia em urologia seja uma técnica considerada recente, e com muitos questionamentos e dúvidas em relação às técnicas clássicas, tem se tornado a técnica “gold standard” inicialmente para adrenalectomias por doença benigna, e hoje inquestionavelmente para doença benigna renal, neoplasias renais estágio-I e pieloplastias. Caminhamos a passos largos para rotineirizar procedimentos mais complexos como prostatectomias radicais, volumosas hiperplasias benignas da próstata, neoplasias vesicais e adrenalectomias por doença maligna. Nestes 20 anos de laparoscopia no Brasil estamos liderando a evolução com publicações em nível nacional e internacional.


Bibliografia

1. WROCLAWSKI E R, LUCON A M, GLINA S, MITRE A I, ARAP S, BITELMAN B, RAFITH D B B L, POZZANI V R P, POLAK M. Testículo não-palpável: emprego de laparoscopia no diagnóstico e emprego terapêutico. Ver. Hosp. Clín. FaMed. S. Paulo, 40(6): 263-5, 1985.

2. JULIANO R V, BEZERRA C A, BARBOSA C P, WROKLAWSKI E R ET AL. Sistematização do ensino em cirurgia videolaparoscópica em Urologia. J.Bras.Urol. 19(4):256, 1993.

3. CASTILHO LN : Laparoscopia Urológica, LPC Comunicações. Campinas SP 2000, 554p.

4. BRUN MV, SILVA FILHO APF, BECK CAC, MARIANO MB, MELLO JRB. Ovário-histerectomia em caninos por cirurgia laparoscópica. Braz J Vet Res Anim Sci v.37 n.6 São Paulo dez 2000.

5. TEFILLI MV, STEFANI SD, MARIANO MB. Abordagem Laparoscópica de massa residual seminomatosa pós-quimioterapia. Revista AMTIGS, Porto Alegre,45(3-4): 166-169, jul-dez. 2001

6. MARIANO MB, GRAZIOTTIN TM, TEFILLI MV. Laparoscopic prostatectomy with vascular control for benign prostatic hyperplasia. J Urol 2002;167:2528-9.

7. BRUN MV, BECK CAC, MARIANO MB, PIGATTO JAT. Nefrectomia laparoscopica em cão parasitado por Dioctophytoma renale Relato de Caso.Arq ciên vet zool UNIPAR, Umuarama.5,n.l.p.145-152,jan/jun 2002.

8. MARIANO MB, TEFILLI MV. Laparoscopic partial cystectomy in bladder cancer- inicial experience. International Braz J Urol. Vol 30 (3): 192-198,May –June, 2004.

9. MARIANO MB, TEFILLI MV. Laparoscopic retroperitoneal lymphadenectomy after chemotherapy for stage IIB testicular tumors. Brazilian Journal of Urology vol 27 (6): 527-534, November-December, 2001.

10. MARIANO MB, TEFILLI MV, GRAZIOTTIN TM, MORALES CMP, GOLDRAICH IH. Laparoscopic prostatectomy for benign prostatic hyperplasia- a six- year experience. Eur Urol “in press”.

11. SOTELO R, MARIANO MB, GARCIA-SEGUI A, DUBOIS R, SPALIVIERO M, KEKLIKIAN W, NOVOA J, YAIME H, FINELII A. Laparoscopic repair of vesicovaginal fistula. J Urol. 2005 May;173(5):1615-8.

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